Semana do Leitor: e quando você mora sozinho em outro país?

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Para fechar a Semana do Leitor com chave de ouro, a Luiza mandou pra gente um texto lindo sobre a experiência de morar sozinha em um país estranho.


Da casa dos pais pro aeroporto

Minha experiência de vida de solteira acontece há quase 1 ano e bem longe da casa dos meus pais – estou na Argentina. Depois de morar em um Hostel por um tempo, desde junho do ano passado divido uma casa, agora com dois meninos: um inglês e um austríaco. Ou seja, tenho coisa pra falar sobre quase todos os tópicos de uma vida de solteiro.

A casa

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Eu tenho a teoria de que viver assim, dividindo apartamento, tem fases. Você chega achando que é a melhor casa do mundo, todo mundo é super legal e nada te incomoda. Já passei por essa, agora estou na fase de querer morar sozinha JÁ e de não achar mais a casa tão boa assim. É uma casa antiga, que tem o seu charme, mas também tem seus muitos problemas: calefação maluca, muito umidade pela falta de janelas, a porta da entrada que dilatou com o calor e agarra pra abrir, etc, etc, etc, etc. Problemas com os meninos não tenho, mas sempre rola os dias em que você não tá muito afim de conversar e tem que rolar aquela conversinha educada padrão.

A comida

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É um problema, um grande problema. Fazer compras do mês, tentando planejar as contas, é complicado porque comprar perecíveis em uma quantidade maior que “pouquinho” é quase certeza de ter que jogar comida fora. Eu tenho um agravante que é: me divido entre minha casa e a casa do namorado, então, se compro leite, por exemplo, depois de alguns dias quando eu quiser de novo, a caixa ainda vai estar cheia – e o leite estragado.
Minha solução é comprar tudo de pouquinho e tentar economizar assim. Procuro uma receita e compro os ingredientes contados para fazer. Para café da manhã, compro coisas que possa levar para comer também no trabalho e, assim, não estragar (como biscoto, embalagens de suco que tem tampa pra transportar, etc). Dividir comida com os roommates, também é difícil: eles passam mais tempo em casa do que eu, e comeriam tudo antes de mim. Mas a parte boa desse ponto é que se te falta algum ingrediente pode ser que alguém tenha e, com “buena onda”, como dizem por aqui, tudo se resolve.

Limpeza

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Eu e dois homens. Levando em conta que eu não sou nenhuma maria organização, isso poderia ser sinal de caos. A sorte é que um deles é muito organizado e, no meu caso, acabo tentando ser porque minha consciência pesa.
Pra limpeza em si, temos um quadro na cozinha que eu montei pra fazermos um revezamento semanal entre cozinha, sala e banheiro. Na maioria das vezes funciona, não existe pressão, cada um faz na hora que pode, às vezes rola de um não fazer e todo mundo fingir que não viu, e claro que isso acontece com todo mundo: comigo, inclusive. Minha dica pra esse ponto é: relaxa, nada vai ser tão limpo quanto você gostaria que fosse, faça sua parte e simplesmente confie que todo mundo vai fazer o mesmo.

Roupa limpa

Eu sonho, todos os dias dessa minha vida argentina, em ter uma máquina de lavar em casa. Aqui não é regra ter, até porque muitas casas e apartamentos não tem nem espaço para varal, área de serviço ou coisa parecida. E na minha não tem nem a máquina e nem o espaço. Por outro lado, tem lavanderias a preços amigos espalhadas por todos os lados – facilita muito, mas também pode devolver pra você um monte de blusas mais curtas, meio deformadas… Por isso, eu lavo as roupas mais sensíveis em casa. Onde? No banho, gente. E penduro em cabides numa micro área externa que temos (um quadrinho onde não cabem mais de 3 pessoas). Sucesso! 🙂

Para passar, adivinha? Também não temos ferro. A roupa vem passada da lavanderia, mas sempre rola de se deparar com uma roupa mastigada dentro do guarda-roupa. E então? Eu também encontrei uma solução: ligo o aquecedor da sala e estico a roupa na frente dele, com cuidado para não me queimar. É algo meio “não tente isso em casa”, mas funciona.

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Grana

Se em muitas coisas Buenos Aires é lugar pra brasileiro fazer a festa, os aluguéis aqui são terríveis. Para contratos temporários feitos para estrangeiros, então, TEEERRÍIIVEEIS. E quando você passa a ganhar em pesos e conviver com a inflação aqui, nem se fala. Mas olha, essa dica vale pra todo mundo que tá criando coragem pra sair de casa: você dá conta. Tudo vai dar certo, você vai conseguir pagar as contas fazendo um esforcinho e não adianta: seu salário nunca vai te parecer suficiente (o meu pelo menos não), então arruma as malas de uma vez e vá.

A comidinha prontinha feita em casa, a despreocupação com contas, a comodidade, tudo isso faz falta. Mas poder se sentir gente grande compensa tudo 😉

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6 comentários

  1. Ai, que orgulho da minha miojinho.

    Aquele famoso jeitinho brasileiro, ajuda a gente a se virar, né não?

    Saudades de você, Luiza.

    Venha me visitar no carnaval. Eu também estarei morando sozinha e me virando (de novo), que nem você.

    Beijos,

  2. Olá,
    é verdade. Também moro na Argentina, mas já morei em outro país de “habla hispana” e concordo com o que você diz. Eu ainda passei por uma fase quando se muda de morar com os amigos para morar só, que foi de sentir falta dos amigos. Mas foi só por 2 dias. Logo depois preferi morar sozinho. Hoje em dia moro com minha mulher. E casado morando com os amigos, não rola. Menos mal que isso foi só 1 mês, graças ao bom Deus achamos um apartamento logo!
    Sucesso!!!

  3. ooi! nossa adorei seu post, bem informativo e legal, sempre tive vontade de sair de casa, porem por comodismo ( pois tenho tudo com fácil acesso ) ainda não tive coragem.. mas queria uma coisa assim, em outro pais e talz! mas tenho medinho de deixar tudo aqui e ir de mala e cuia para outro pais! porem um dia quem sabe eu crio coragem!!!! Parabéns pela independência xD tudo de bom (: e uma casa com pelo menos 5m² de varanda para estender a roupa!

    beijo beijo

  4. Morei 4 anos em Buenos Aires e sei bem o que você está vivendo!
    Lembro que em 2005, quando cheguei, dava pra alugar um ap na Av Santa Fé (monoambiente) por 350 pesos mensais, dá pra imaginar? Hoje o mesmo deve girar em torno de 1800 pesos! Está tenso morar sozinho em Buenos. Mas é divertido mesmo assim!

    Provecho!

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