Solteiro que é solteiro gosta de tomar uma cervejinha. E quem curte de verdade já reparou que o lance das cervejas “diferentes” tomou conta das conversas.
O assunto está em revistas, programas de TV, chegou chegando às gôndolas dos supermercados e, de uns tempos pra cá, ultrapassou a última das fronteiras do cervejeiro clássico e foi parar nas mesas de boteco. Aí, pronto, o bicho pegou.
Mas a peleja não é assim tão fácil. Uns chamam de cerveja artesanal, outros de cerveja especial, alguns de cerveja gourmet – o pessoal não se decide. Os rótulos são cheios de palavras esquisitas: vai de IPA a APA, de Porter a Saison, de Weiss a Barley Wine. Oi?
Você até vai atrás, toma uma, experimenta outra, lê umas matérias, vê uns vídeos, mas continua boiando.
Então, afinal, qual o segredo pra entender esse negócio de cerveja?
Relaxa, a gente está aqui pra te ajudar.
De saída, esqueça isso de cerveja “diferente”, gourmet, especial e tudo mais: é tudo cerveja, galera, e ponto final. De diferentes estilos, com distintas qualidades, mas no final é tudo a mesma bebida feita de água, malte, lúpulo e levedura – às vezes, com algumas coisas a mais, seja no grão (trigo, aveia, centeio…), seja no “tempero” (casca de laranja, coentro, rapadura…). E é aí que tá a graça da coisa: na variedade.
O pulo do gato é entender que existem inúmeros estilos de cerveja. É o estilo que faz uma cerveja ser mais adequada para tomar na praia, sob um sol de 40 graus, ou ser bebida na frente de uma lareira, com um charuto nas mãos, depois de comer um bom pé de porco.
Com a desculpinha esfarrapada de que este é o sabor que o brasileiro escolheu, por muitos e muitos anos fomos acostumados a pensar que cerveja é apenas aquela clássica amarelinha do boteco, tipo “a número um”, a que “desce redondo” ou “a boa”. Quando, na verdade, todas elas são apenas exemplos (alguns bem fraquinhos, por sinal) de um único estilo de cerveja, o Light American Lager – e existem dezenas e dezenas de outros estilos esperando para serem descobertos, saboreados e bebidos por todos.
Ainda que não sejam absolutos e imutáveis, cada estilo tem suas particularidades, e é por essa porta que você tem que entrar pra entender um pouquinho desse novo mundo da cerveja.
Preparamos um guia rápido pra você conhecer, entender e, claro, beber todos os estilos de cerveja. Afinal, é bebendo que a gente descobre quais são os nossos prediletos, não é? Então vem com a gente que é sucesso.
Estilos de cervejas em três passos:
1) Descubra o estilo:
Existem trocentos sites na internet falando sobre o tema. Mas você não precisa rodar por todos eles pra descobrir os estilos diferentes de cerveja que existem por aí. A gente indica um nacional e dois gringos de responsa, confiáveis e com atualizações constantes. Lá você pode pesquisar, comparar cervejas, ver as notas dadas por especialistas e pelo público e ler um bocado sobre os estilos cervejeiros. Vai na fé:
- www.brejas.com.br
- www.ratebeer.com
- www.beeradvocate.com
2) Entenda o estilo:
Para entender as particularidades de cada estilo, a forma mais eficaz é ir atrás de um “guia de estilo”. O mais utilizado, que serve como base para jurados de campeonatos de estilo no mundo todo, é o BJCP – Beer Judge Certification Program. Através dele você vai conhecer as características dos estilos existentes no mundo todo, como índice de amargor, cor, aromas, sabores e graduação alcóolica, entre outros. À primeira vista a linguagem parece bem técnica, mas vale dar uma boa lida e ir sacando os esquemas. Uma atualização foi lançada esse ano e acrescentou uma porrada de estilos. Clique aqui para fazer o download gratuito (disponível somente em inglês).
3) Beba várias cervejas do mesmo estilo:
Aqui não tem segredo: beber, beber e beber. É assim que se conhece cerveja. O blá blá blá é bacana, é importante, mas sem o líquido sagrado descendo pela garganta não faz sentido nenhum. E, para conhecer os estilos, uma boa maneira é tomando diversos rótulos do mesmo estilo. Isso vai fazer você entender o que aquele tipo de cerveja oferece e os detalhes que fazem cada uma delas ser uma experiência única.
Agora que você já tem em mãos um caminho para conhecer melhor esse novo mundo de cervejas e seus tantos estilos – que, aliás, só aumenta a cada dia, estão reparando? – só resta escolher alguns rótulos e dar uma breve estudada pra ficar craque. Cerveja também é cultura, também oferece literatura e, melhor de tudo, é gostoso pra caramba e ainda dá onda. Aproveite a solteirice para conhece-la melhor. Quem sabe não rola um namoro?
Esse post é uma colaboração de Marcelo Costa e Bruno Reis, nomes por trás do Abridor, iniciativa criada para promover interações cervejeiras de todos os tipos.